Parênteses + retorno + suspiros: é dura a vida da bailarina que chega aos 30

Dia desses fui a São Paulo a trabalho e comprei uma revista motivada pela chamada. Há quantos anos não fazia isso? Provavelmente quando parei de comprar a Capricho, mas tudo bem. A manchete falava algo sobre “tem 30 anos e não conseguiu tudo na vida? Você não é uma fracassada” (você pode ler aqui, ó, é só clicar).

A repercussão da matéria entre as meninas que conheço – que não são mais tão meninas e que estão aqui e em todo lugar – me fez pensar (como se eu não pensasse nisso sempre) sobre essa nossa condição. Aí vejo canais de TV querendo investir em “mulheres entre 25 e 34 anos” e penso “esses caras tinham que ver um dia das nossas vidas”.

Você quer escrever mais no blog, mas não tem tempo. Quer viajar mais e comprar mais coisas, mas não tem dinheiro. Quer ler mais, mas tem sono. Quer ganhar dinheiro com suas ideias, mas não tem tempo,  porque está ocupada (não) ganhando dinheiro.  Quer se dedicar mais ao trabalho, mas tem sono e não tem tempo porque (adivinhe!) o trabalho já ocupa boa parte dele.  Você também quer se dedicar mais à casa, à cozinha, ao forno, ao fogão, ao namorado, aos animais de estimação, às séries de TV e aos shows e aos lugares legais que abrem na cidade e a jogos de tabuleiro e aos amigos e…  aí, Brasil, comofas?

Não é possível que isso aconteça só comigo. Será que eu sou louca? Com vocês também é assim? Como vocês dão conta das suas vidas e realizam tudo o que querem e precisam? Vocês dão conta de tudo? Se ressentem de estarem beirando os 30 sem estarem como imaginavam? (Eu não me ressinto, só queria que algumas coisas fossem mais fáceis, nem precisava ser molezinha)

Tá, estou devendo as dicas de Nova York até hoje (estão caducando nos drafts), mas precisava ter esse momentinho “não sou só uma máquina de escrever posts ou matérias”.

Poeira espanada, enquete feita, voltemos à programação normal!

PS:  Só um adendo sobre a tal matéria: as personagens eram todas lindas e bem-sucedidas e o efeito foi exatamente o contrário. Quando a pessoa mais  loser é sócia de uma produtora, oi? Tem algo errado. Taí o #fail do mês.

3 thoughts on “Parênteses + retorno + suspiros: é dura a vida da bailarina que chega aos 30

  1. Tati,

    Acabo de conhecer seu blog (que foi elogiado no twitter). Por isso, o comentário atrasado.

    Esqueça essas personagens, é bem mais fácil ser bem-sucedida quando vc nasce em um bairro nobre, tem família com dinheiro para investir no seu negócio e por aí vai… Pergunta se algumas dessas mulheres sabem qual ônibus pegar para chegar ao outro lado da cidade? Provavelmente não.

    Mas, sendo bem sincera, acho que a redação de jornal suga demais da gente. Odiei o clima de redação e acho que fiz uma boa escolha optando por assessoria de imprensa em órgão público. Tenho estabilidade no emprego, trabalho 25 horas semanais (conforme legislação para jornalistas) e não faço plantão. Ainda assim, não tenho tempo para tudo o que gostaria de fazer, meus blogs estão desatualizados (e em construção) e a dissertação de mestrado emperrou. Fora os outros projetos que não saem do papel.

    Não importa quanta grana a gente tenha, vamos sempre querer viajar mais, comprar mais e curtir mais. É claro que ninguém dá conta de tudo e não precisa surtar por isso.

    Acho que você não está valorizando suas conquistas, muitos jornalistas gostariam de estar no seu lugar, escrevendo sobre o que gosta em um veículo de grande circulação. Garanto que logo logo você vai emplacar como roteirista. Seu texto é gostoso e, depois de tanto escrever sobre TV, aposto que sabe avaliar bem o que emplaca ou não.

    Você está bem demais! Sei que é dura a vida da bailarina. Mas também, procurando bem, todo mundo tem pereba, só a bailarina que não tem!

    Beijos,

    Sarita

  2. li essa matéria há uns dias e tive a mesma impressão. o texto começa dizendo que vc não precisa fazer tudo o que o mundo espera de vc pra ser feliz, etc, etc. mas as personagens provam exatamente o contrário. todas felizes ganhando dinheiro e sendo bem-sucedidas, como o mundo espera delas. não entendi nada.

    mas, enfim, fique tranquila, vc não está sozinha!

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