Há uns meses, um amigo me recomendou um filme a que ele havia acabado de assistir no cinema.
– Você tem que ver Frances Ha, é a sua cara. O tipo de filme que você vai amar. E tem o Adam de Girls – disse.
Meses depois, o filme passou a fazer parte do acervo da Netflix. O assunto voltou à tona.
– Você precisa ver Frances Ha – recomendou uma outra amiga. – É sua cara.
Num sábado de chuva, resolvi assistir ao filme. E fiquei deprimida. Eu não quero ser Frances Ha.
Andy: So what do you do?
Frances: It’s complicated.
Andy: Is it because what you do is complicated?
Frances: No, it’s because I don’t do it.
Veja bem, eu adorei o filme. Meus amigos estavam certos, é o tipo de filme que eu gosto. Mas acompanhe meu raciocínio: Frances é uma jovem não tão jovem, um tanto desengonçada das ideias – não é por mal. Ela só pensa por caminhos diferentes. O objetivo de Frances é ser dançarina – vocação para a qual ela demonstra talento limitado, vamos dizer assim (não me sinto bem classificando personagens de filmes como incompetentes, não quero magoá-los). Por fim (alerta de spoiler – se não viu o filme pare aqui, se não liga para isso continue), Frances se rende à pressão social – e dela mesma – e desiste de ser dançarina. Aceita um emprego na área administrativa do estúdio de dança no qual era aprendiz. Acaba se tornando uma coreógrafa. Mas dançar, que é bom, ela não dança.
Eu não quero ser Frances Ha, e é por isso que pela milionésima vez estou aqui.