Não é preciso ser muito esperto para perceber que, sim, tem pouca mulher escrevendo. Quero dizer, na TV. Por aqui, no Brasil, basta ver a lista dos autores de novela e das autoras: digamos que role uma incompatibilidade numérica.
Lá fora, analisemos a lista das roteiristas mais conhecidas atualmente no ar (ou recém-saídas, por fins de temporada ou fim da série). Tina Fey, Mindy Kaling, Lena Dunham e Shonda Rhimes são as top de linha – das quatro, as três primeiras são minhas preferidas. Como pessoa interessada no assunto ainda listo mais algumas: Whitney Cummings (“2 broke girls”), Liz Meriwether (“New girl”), Molly McAller (“2 broke girls”), Megan Ganz (ex-“Community”, atual “Modern family”) e Nahnatchka Khan (“Apartment 23”). São essas que eu conheço bem e venho acompanhando fora da TV e nas redes sociais.
No fim de março o Writers Guild of America West divulgou uma pesquisa oficializando tudo isso que tá aí e que a gente já sabe: tem pouca mulher escrevendo nos Estados Unidos. Minorias, em geral, continuam sem espaço. Perfil mais contratado para os writers’ rooms da vida: white males. É no mínimo curioso que com tantas séries sobre mulheres no ar elas próprias não estejam desempenhando tantos e mais papéis de destaque nos bastidores dessa indústria.
O estudo analisou um universo de 1722 roteiristas, empregados em 190 séries de TV da temporada 2011/2012. Alguns dados (publicados pela Variety) para esquentar o negócio:
– 10% das séries da temporada 2011/2012 não tinham uma roteirista mulher em suas equipes
– Só 24% dos pilotos da temporada 2010/2011 tinham pelo menos uma mulher roteirista
– As séries com mais mulheres entre seus autores são “90210” (quer dizer, neste caso, era: atração cancelada, menos emprego para as amigas americanas), “The Big C” (opa, menos uma) e “Grey’s anatomy”.
Presidente da WGA West, Christopher Keyser definiu bem a questão: “Não podemos contar a história por inteiro se só metade de nós a escreve”.
PS: Na foto, Tina Fey no Globo de Ouro. Achei que fazia sentido.