A ditadura da calça 40

Tenho vivido um drama que preciso dividir com vocês, amigas donas de casa. A verdade é que ganhei peso. Pode parecer pouco para vocês, mas a medida dos meus quadris, que insistem em não caber naquelas calças jeans lindas e caras tamanho 40 que um dia comprei em cinco vezes no cartão, já me incomoda. Sim, eu devo malhar, dietar, o que seja. Um dia eu faço. Mas pior do que estar um tanto acima do peso é tentar se vestir de acordo com o novo manequim – e não conseguir.

Nunca fui magra. Quer dizer, já vesti 36 e 38 há 10 anos, quando esses tamanhos não pareciam saídos das prateleiras infantis. Mas sempre fui, como dizer, avantajada. Um metro de quadril tá bom para vocês? Pois é. Posso até ficar magra, mas essa medida raramente diminui.

Então, munida de paciência e da necessidade de um singelo short jeans no calor carioca, decidi entrar em várias lojas, das mais baratas às mais caras, perguntando “você tem short boyfriend tamanho 42?”.  A intenção, além de comprar a bendita peça, também era notar as variações de tamanho a que somos submetidas.

Pois bem. Nas lojas de rua de Ipanema não achei o short. Ou não tinha o modelo que eu queria, ou o tamanho não servia.  Cada loja tem seu próprio conceito do que é um short 42: para umas, ele deve servir em uma jovem desprovida de curvas. Para outras, ele deve apenas tapar a calcinha, deixando as coxas totalmente à mostra.

O pior está por vir: ciente do fato de que sim, as lojas estão reduzindo as formas – basta pegar uma calça 42 de alguns anos atrás e comparar com uma produzida hoje em dia, é visível a mudança – , comecei a pedir um número maior. Afinal, eu quero um short larguinho, não um fio dental feito de jeans.

“Nós não trabalhamos com números maiores que 42”, me diz a vendedora de uma loja meio patricinha classe média em Ipanema. “Como assim? Essas formas são micro. Esse 42 não é 42”.  “….”, me diz (diz?) a vendedora.

Ou seja: além de constatar que as roupas de adultos têm sido feitas com crianças em fase de crescimento como molde, ainda sou obrigada a ouvir isso e processar mentalmente “bem feito, sua gordinha safada, aqui só se veste quem tem manequim 38. Vai ali dar uma corridinha e perder 8 quilos que você passa a caber nas nossas calças. E se ficar irritadinha comigo entra ali na loja do lado e chafurda num brigadeiro”.

Bom, já convencida de que minha bunda é enorme demais para o novo tamanho 42, entro numa loja e peço uma calça 44. Resultado: larga. Do tipo paga-cofrinho.

Tentei em uma loja popular. A variedade era enorme (tal qual meu quadril).  Mas sabe aquele modelo bonitinho? O mais bonitinho? Não tem 42. Opa, tem um 42 de outro modelo ali, mas ele tem o mesmo tamanho do 40 daquele da outra arara.  Opa, e esse 42 aqui que coube? Ah, mas não é do modelo que eu gostei.  E o 44 daquele? De repente serve (já deixando o orgulho de lado)! Não tem. Padrões: não trabalhamos.

Ou seja: continuo sem um short e sem saber que tamanho afinal eu visto.  E, pior, sem saber onde posso encontrá-lo. Cogitei cortar a calça do namorado, mas como sou habilidosa com tesouras (not!) achei por bem continuar minha saga e debater com minhas amiguinhas (/palmirinha): vocês passam pelo mesmo problema? Também sofrem com essa numeração maluca nas lojas? Como conseguiram resolver essa questão? ABAIXO A DITADURA DA CALÇA 40!

7 thoughts on “A ditadura da calça 40

  1. Mto pertinente seu texto. Tbm visto 42 e sofro com isso! Tem hora que dá vontade de gritar no meio da rua:”Será que só eu estou percebendo que o tamanho GG agora parece roupa de criança?” PQP! Isso é revoltante. Além de toda pressão da mídia, agora quem tem bunda e coxa não consegue se vestir decentemente… Não dá pra ser feliz assim!

  2. Já reparou que as calças importadas tem numeração seguida (38, 39, 40, 41, 42 e por aí vai) e aqui no Brasil as calças só tem numeração par (38, 40, 42, 44, 46 e assim em diante)? Será que isso é pra fazer com que as pessoas se sintam mais gordas?

  3. História da minha vida. E do mesmo tamanho.

    Dica: Damyller. É uma marca do Sul, que ganhou conceito e já chegou a São Paulo (não sei quanto ao Rio). O fato é que os jeans são lindos, fofinhos, e o tamanho no meu caso é o 42, mas 42 de fato, não variações do 38, como nas marcas mais bacaninhas.

  4. só faço compra em loja de departamento e consigo ter roupas P, M e G. uma conhecida minha que é figurinista falou que tá tudo zoado mesmo e que estão diminuindo o tamanho das roupas. ou seja, estamos lascadas!

  5. Querida, cheguei aqui do nada… e li o seu texto adorei! kkkk Tambem sofro com o mesmo problema… q coisa absurda!!! ODEIO!!!

    Depois fui ver quem escreveu “Tati Contreiras” … ai pensei q ja tinha visto seu nome em algum lugar! E depois vi q vc eh namorada do Pedro (pra mim conhecido como ReptileX) amigo de alguns anos!

    Beijosss e vou ler os outros textos!!!
    Vanessa (Shaki!)

  6. Com todo o respeito… você é linda, SUA LINDA. Tipo, além de ter um dos melhores textos da nossa geração, você é uma gracinha. Desencana desses padrões bobocas de manequim. Tô pra ver uma mulher com um terço do seu charme e encanto. Mais uma vez, desculpe qualquer comentário inoportuno, ou inconveniente. O fato é que fico muito chateado quando mulheres lindas caem nas pegadinhas da indústria da moda. Kisses, honey.

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